Ações Reprováveis


Dilson M. Barreto
Economista

Determinados segmentos políticos que agora estão do outro lado da ponte, contra o atual governo, talvez inconformados com a perda do poder, organizam movimentos ensaiados e nem sempre justos, para contestar as medidas de ajuste da economia que estão sendo gestadas na tentativa de tirar o País do atoleiro a que foi submetido tendo como resultado recessão e elevado desemprego, procurando, por meio de iniciativas inconsequentes e pouco republicanas, penetrar na consciência da população, com destaque para aquelas classes mais pobres, infundindo em suas mentes inverdades cujo objetivo único é torná-las, da mesma forma que seus integrantes, revoltadas com o governo e, o que é seu objetivo maior, desestabilizá-lo para que perca as futuras eleições. Este é o ponto primordial das ações de certos partidos hoje na oposição, já acostumados com esses tipos de movimentos contestatórios.

Protestar não é crime, desde quando o protesto esteja assentado em fundamentações verídicas e de respeito ao outro. Não há necessidade de estimular agressões físicas e morais ao seu opositor tão somente porque o mesmo não reza em sua cartilha. Procedimentos dessa natureza maculam a democracia. É justamente na esteira dos protestos que vêm ocorrendo ultimamente que escrevo este artigo expondo minha tristeza com ações reprováveis de iniciativa de determinados segmentos políticos, que nada contribuem para que possamos construir uma sociedade sadia.

1 – Aproximadamente há três semanas atrás, o Jornal da Cidade publicou um artigo assinado pela ex-Presidente Dilma Rousseff, que tenho certeza não foi por ela escrito mas por algum recalcado pela perda do poder, condenando a terceirização e emitindo opiniões inconsistentes sobre a matéria, como perda do emprego do trabalhador e de seus direitos, contratos a serem firmados por tempo indeterminado, e outras sandices mais, demonstrando que ela própria não leu o projeto de lei. Seu objetivo foi tão somente estabelecer confusão na cabeça do trabalhador, transformando-o num inimigo do governo. Na realidade, mesmo que não se goste do projeto por questões ideológicas, não é verdade que a hoje lei da terceirização retira direitos perpétuos do trabalhador, nem os contratos por ela autorizados têm temporalidade ilimitada. Talvez o artigo da ex-Presidente tenha como objetivo ganhar espaço político junto às massas, mostrar que ainda está viva, que sobreviveu ao “golpe”, pouco importando sobre sua veracidade, o que é reprovável.

2 – No final de semana que passou, um grupo de malfeitores mascarados, a soldo do Partido dos Trabalhadores (comandavam o grupo uma Deputada Estadual e o Tesoureiro desse Partido, que também já foi Deputado) investiu de maneira violenta contra a empresa MULTISERV, depredando-a, pichando suas paredes e as paredes de outros estabelecimentos circunvizinhos,num protesto, também ensaiado, procurando atingir o Deputado Federal Laércio Oliveira, também sócio proprietário da empresa agredida, pelo fato de ter sido o mesmo Relator do projeto de terceirização e votado pela sua aprovação. Talvez o objetivo do grupo de meliantes fosse provocar o confronto para depois bradar aos quatro cantos que, ao fazerem um protesto pacífico, teriam agredidos pela segurança “armada” da citada empresa, pondo em risco a vida de pais de família indefesos. Esse é costumeiramente o discurso dos agressores quando a polícia procura defender o patrimônio público e privado. Felizmente, o bom senso e a sabedoria de seus dirigentes contribuiu para que os mesmos ficassem distantes dos manifestantes, assistindo com tristeza aos atos de vandalismo cometidos. O mais reprovável é o fato de um ex-Deputado e uma representante do povo se aliassem a uma corja de infratores, estimulando-os a praticarem tais atos. Se o objetivo é protestar segundo os preceitos democráticos, o local apropriado é o plenário da Assembleia Legislativa ou os meios de comunicação, onde é lícito discordar, contestando os pontos negativos do projeto. Não a forma como foi praticada, extrapolando o mandamento cívico que deve pautar um representante do povo, que deveria zelar pelos direitos do cidadão seja ele político, empresário ou pessoa comum,garantindo a ordem e a concórdia, colaborando também na preservação tanto do patrimônio público como privado. Jamais incentivando a desordem e a anarquia que não se enquadra no papel de um representante do povo, desde quando não foi para isso que ele foi eleito. Atos dessa natureza apenas servem para manchar a imagem do político e desacreditá-lo perante o cidadão comum. Não se defende a honra e os direitos com depredações, xingamentos e atentados aos outros. Tem um ditado que minha avó sempre me dizia: andes com os bons e será igual ou melhor do que eles; andes com os maus e será pior do que eles. O que se pode julgar de pessoas que se aliam a marginais para cometer atentados dessa natureza?

3 – Ao passar algumas vezes nas proximidades do Mercado Central para ir a Atalaia Nova, vislumbro um grande Outdoor com as fotos do Governador do Estado e do Secretário da Educação, com os dizeres “Jackson e Jorge Carvalho destruíram o plano de carreira dos Professores”. Uma inverdade que dita infinita vezes vai transformar-se em verdade tanto no seio dos professores, como da população como um todo. Não interessa ao SINTESE qual a verdade dos fatos; o importante é deixar pública sua versão. Não é que os professores não mereçam ganhar bem, ter uma remuneração condigna para garantir seu bem estar e de sua família e permitir-lhe os meios financeiros para continuar o seu aperfeiçoamento profissional. Todavia, as associações dos professores, ao fazerem seu lobby nacional pela conquista de um piso salarial que demagogicamente foi aprovado pela Câmara Federal e sancionada ainda no Governo do Presidente Lula, esqueceram de perguntar aos governadores e prefeitos se haveria condições orçamentárias e financeira para arcar com as novas despesas. Daí a distorção do Plano de Carreira. É impossível, e o SINTESE tem consciência disso, ao governo, seja ele de qualquer partido, replicar para os demais níveis do Plano, o mesmo percentual anualmente aprovado pelo Congresso, para o piso salarial dos professores, sob pena de inflar a folha de pagamento, inviabilizando seu pagamento a todos os servidores. Como professores, afeiçoados aos cálculos matemáticos, sabem muito bem como seria a cascata em termos de despesa, afetando inclusive as demais classes de servidores que ficariam impedidos de receberem seus salários. Como existe um limite legal de 60% da receita líquida para os gastos com pessoal por força da Lei de Responsabilidade Fiscal, a aplicação anualizada do percentual de reajuste do piso para todas as classes e níveis do magistério, com o tempo, levaria a consumir todo aquele limite legal. Daí as distorções hoje apresentadas no Plano de Carreira do Magistério, não podendo ser imputada qualquer culpa ao Governador e ao Secretário, sejam os de agora, os do passado ou os futuros. Em vez da realização de uma campanha dessa natureza que camufla a verdade, seria melhor que o sindicato utilizasse o dinheiro aplicado nessa campanha no aprimoramento profissional dos professores, colaborando com o governo e com a sociedade para a melhoria da qualidade do ensino que, comprovadamente, não é das melhores. A persistência do SINTESE em campanhas dessa natureza, não está indo contra o Governador ou o seu Secretário da Educação, porém contra a população pobre cuja opção de seus filhos é a escola pública. Em tempo: persistindo a campanha, sugiro ao Governador Jackson Barreto e ao Secretário Jorge Carvalho confeccionarem novas fotos, mais elegantes e com um novo visual, e enviarem ao SINTESE para substituição daquelas já desgastadas.