Sergipe lança Comissão Estadual de Gênero para Mulheres Rurais

Iniciativa fortalecerá empoderamento econômico e político, beneficiando 320 mulheres rurais de 32 comunidades, em 15 municípios

Sergipe lança Comissão Estadual de Gênero para Mulheres Rurais
Imagem: Divulgação

Está oficialmente lançada a Comissão Estadual de Gênero – Mulheres Rurais, em Sergipe. O lançamento foi realizado pelo Governo de Sergipe, através da Secretaria do Estado da Agricultura (Seagri), durante seminário virtual que contou com apresentações artísticas e falas de mulheres engajadas, no último dia 18. O encontro, segundo o secretário da Agricultura, André Bomfim, “é um marco para a iniciativa, que tem como principal objetivo agregar Instituições Públicas e Organizações Sociais que realizam trabalhos com mulheres do campo”.

Disponível no YouTube da Seagri, o Seminário lançou ainda os ideais norteadores da Comissão, que nasce com o propósito de debater e construir pautas como: gênero, empreendedorismo de mulheres rurais, visibilidade da economia feminista, e combate e enfrentamento às diversas formas de violência sofridas por essas mulheres.

A estruturação da Comissão Estadual de Gênero foi proposta pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) ao Projeto Dom Távora, executado pelo Governo de Sergipe através da Seagri. Além da criação da Comissão, também foram propostas outras metas de gênero, como delinear uma estratégia de internalização da ação das Cadernetas Agroecológicas enquanto política pública. Segundo análise de perfil das agricultoras participantes do projeto Dom Távora, cerca de 75% são negras, 16% se identificaram como quilombolas e 9% vivem em assentamentos rurais. Entre os dados relativos à Educação, cerca 40,5% possuem o ensino fundamental incompleto, 4,35% ainda são analfabetas e apenas cerca de 2,5% possuem ensino superior.

Cordelista, Daniela Bento é consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e assessora o Projeto Dom Távora. Durante o Seminário, ela apresentou versos da cordelista sergipana Izabel Nascimento e expôs resultados da implementação das Cadernetas Agroecológicas em Sergipe, que retratam a importância da produção das mulheres na Zona Rural. “Vislumbramos as contribuições que essas mulheres dão para que os produtos do campo cheguem até a cidade, e o tamanho da força e do poder de cada uma delas. O empoderamento, como prática política das mulheres, tem relação direta com a participação plena e efetiva das mulheres e com a igualdade de oportunidades para a liderança, em todos os níveis de tomada de decisão, na vida política, econômica, pública e privada” afirmou Daniela. 

A vice-governadora do Estado, Eliane Aquino, parabenizou o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) pela proposta e enalteceu as mulheres que estão por trás da iniciativa, apontando a importância de debater o tema em grande escala, com políticas públicas e privadas. “Queremos autonomia financeira e educacional para todas essas mulheres, principalmente as do campo, que têm desenvolvido uma formação continuada, com união e sabedoria. Precisamos, juntos, criar alternativas viáveis. O FIDA, junto com todas essas mulheres, plantou sementes em cada companheira deste projeto, e essas sementes precisam se espalhar, florear e germinar a vida em nosso estado”, enfatizou Eliane Aquino. 

A Comissão Estadual de Gênero – Mulheres Rurais pretende trabalhar o empoderamento econômico e político, em âmbito público e privado, em 32 comunidades agrícolas, beneficiando diretamente 320 mulheres rurais distribuídas em 15 municípios do Estado. Vale destacar que 19 destas comunidades entraram no plano estratégico da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), vinculada à Seagri.

Caderneta agroecológica

Com o objetivo de contribuir para mensurar e dar visibilidade ao trabalho das agricultoras agroecológicas e promover sua autonomia, a Caderneta Agroecológica é um instrumento político-pedagógico criado em 2012 pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata. Na caderneta, é registrado o consumo, a doação, a troca e a venda da produção, sob responsabilidade das mulheres.

Em Sergipe, 118 mulheres usaram a ferramenta, sendo o quarto estado do Nordeste com maior número de anotações. Ao todo, a iniciativa está presente em oito municípios sergipanos: Canhoba, Nossa Senhora Aparecida, Aquidabã, Japoatã, Simão Dias, Tobias Barreto, Pacatuba e Poço Verde.

 

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