Equipe de colégio estadual sergipano recebe três prêmios na Feira Brasileira de Jovens Cientistas

Projeto Tecnologia Alternativa e Sustentável no Combate à Mosca-negra-dos-citros teve como objetivo avaliar uma alternativa barata, eficaz e sustentável para o combate à praga que tem aterrorizado os citricultores do estado de Sergipe

Equipe de colégio estadual sergipano recebe três prêmios na Feira Brasileira de Jovens Cientistas
Imagem: Divulgação

O projeto Tecnologia Alternativa e Sustentável no Combate à Mosca-negra-dos-citros (Aleurocanthus woglumi Ashby – Aleyrodidae), desenvolvido pelos alunos Alisson Souza da Cruz e Paulo Souza dos Santos, sob a orientação do professor Pedro Ernesto Oliveira da Cruz, recebeu três prêmios na Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC): da revista Scientific American, como Destaque em Divulgação Científica e o segundo lugar geral na categoria Ciências Agrárias. 

A equipe do Colégio Estadual Prefeito Anfilófio Fernandes Viana, localizado na cidade de Umbaúba, no território Sul sergipano, participou da programação da FBJC no período de 23 a 27 de junho, no ambiente virtual do evento. Considerada uma das maiores feiras de iniciação científica do país, a equipe apresentou o projeto no dia 26 de junho para uma banca examinadora e, em cerimônia realizada no dia 27 de junho, ficou sabendo das premiações. 

Em 2020, a mesma equipe foi finalista com o projeto “Das Grandes Navegações à Atualidade: As Especiarias Aguçando os Sentidos”. Em maio de 2021, o mesmo projeto foi premiado em três categorias na 19ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) 2021, quando recebeu os prêmios de Defesa Civil do Estado de São Paulo, Destaque Unidades da Federação (Sergipe) e também na categoria Ciências Agrárias, em 4º lugar.

Segundo o professor Pedro Ernesto, realizar pesquisa no Ensino Médio continua sendo um desafio por diversos fatores. Mas ele ressalta que quando propõe esse desafio aos alunos,  estes ficam encantados com as possibilidades de resolver problemas e contribuir ativamente com a sociedade. “As feiras são o ápice dos projetos, pois permitem que os estudantes mostrem as suas descobertas para a sociedade em meio a tantas pessoas diferentes. Para um aluno de escola pública e da zona rural, que é majoritariamente o público-alvo do Colégio Anfilófio, de Umbaúba, apresentar trabalhos em feiras de nível nacional é, sem dúvida, uma experiência enriquecedora”, destaca.

Ele acrescenta que, como professor, sempre se propôs a participar de eventos científicos como feira de ciências, olimpíadas, projetos de iniciação científica desde 2013 quando ingressou na rede estadual. “Penso que a aprendizagem vai além da sala de aula. E todas essas premiações que estamos ganhando mostram que estamos no caminho certo”.

Melhoria para a comunidade

O projeto Tecnologia Alternativa e Sustentável no Combate à Mosca-negra-dos-citros (Aleurocanthus woglumi Ashby – Aleyrodidae) teve como objetivo avaliar uma alternativa barata, eficaz e sustentável para o combate à mosca-negra-dos-citros, praga que tem aterrorizado os citricultores do estado de Sergipe. “Surgiu do questionamento dos estudantes o pensamento de encontrar uma solução para o problema que os seus pais, amigos e vizinhos enfrentam na comunidade, pois o controle químico da praga é realizado por meio de agrotóxicos que são caros e prejudiciais ao meio ambiente”, ressaltou. 

O jovem Paulo Souza dos Santos conta que o projeto teve origem quando foi observada uma problemática na comunidade rural (povoado Colônia Sergipe, Indiaroba-SE): a mosca-negra-dos-citros, um pequeno inseto que prejudica a produção de laranja. “Fizemos pesquisas bibliográficas sobre a mosca-negra-dos-citros e controles biológicos contra esse inseto”, disse o aluno. 

O intuito da empreitada era produzir uma tecnologia alternativa sustentável que fosse eficiente no combate à mosca-negra-dos-citros, utilizando matérias-primas encontradas em abundância na região, como as cascas de laranja e da mandioca que eram descartadas de forma inadequada no meio ambiente. “Das cascas de laranja nós extraímos o óleo essencial usando um hidrodestilador caseiro que nós mesmos construímos. Da mandioca utilizamos um subproduto chamado manipueira. Esse subproduto é extraído no processo de fabricação da farinha de mandioca ”, explicou o aluno Paulo. 

Alisson Souza da Cruz, terceiro integrante da equipe, nem imaginava ser possível participar de feira de ciências pelo Brasil. Segundo ele, a participação significou que para democratizar o acesso à ciência e à pesquisa existem diversos meios. Ele afirmou que o próximo passo é finalizar a pesquisa e continuar democratizando o acesso à ciência, à pesquisa e à tecnologia, mostrando para os jovens da rede pública de ensino que para fazer ciência não precisa ter o melhor laboratório, estudar na melhor escola, mas tentar solucionar um problema que seja importante para toda a sociedade.

 

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